Bettina Calmon no Tubo de Ensaio
- por Jonathan Fontella
- 10 de jan. de 2018
- 4 min de leitura
Tubo de Ensaio entrevista a compositora e musicista, formada em produção fonográfica pela Estácio de Sá e pós-graduada em música pra TV e cinema no Conservatório Nacional de Música. Um dos seus trabalhos de destaque é o soundtrack do game “My own little planet” e outros autorais. Já trabalhou com a ARPX Produtora e antes com o Bulldog Estúdio e também com a nossa Experimental Filmes, que nos levou para essa conversa com Bettina Calmon.

foto durante a entrevista no estúdio da artista
Musicista. Pode ser essa uma de suas definições?
Acho que sim, profissionalmente, mas também antes disso, desde a minha adolescência, eu gosto muito de música. Então eu faço não só como trabalho, mas minha vida é música.
Como a música entrou na sua vida?
Eu comecei tocando guitarra e depois bateria, tive várias bandas até descobrir que minha paixão mesmo é a composição, que é um trabalho completo, pois há uma construção da música, a execução de vários instrumentos... Isso pra mim é uma realização dentro da música.
Além de “My own little planet” qual projeto com games que você achou mais relevante em fazer?
Teve um trabalho que eu fiz com um jogo que de RPG. o nome do jogo é Sword Legacy, com dois anos em desenvolvimento, porque é um projeto grande. É um jogo 3D bem realista. Esse jogo foi um desafio, porque eu tive que compor para todos os instrumentos de orquestra, o que era um coisa nova pra mim. Tive que compor pra cordas, metais, percussão, sopros... Deu tudo certo e descobri que era um tipo de música que eu gostava muito.

foto divulgação: Game brasileiro “My own little planet”
Qual diferença de fazer trilha sonora para games e para cinema?
Tem bastante diferença. O game você não precisa ver a imagem do jogo o tempo inteiro. O cinema você compõe em cima da cena, da história. Precisa ver o filme, e as vezes até compor vendo o filme, pra acompanhar os momentos e as transições. A cena pode começar triste e depois ficar tensa. E você tem que saber o minuto exato que isso aconteceu. No jogo é uma coisa mais linear. Geralmente uma música fica em loop numa fase inteira e funciona bem.
Qual o seu envolvimento com a Experimental Filmes?
Eu conheci o Alek Lean na internet. Eu estava querendo fazer trilha pra filme, porque eu só fazia para jogos até então. E eu sempre tive curiosidade de fazer trilha pra cinema, pra televisão... Aí eu comecei a procurar na internet pessoas e cheguei até o Alek. Aí ele me falou: "Cara, tô fazendo um filme agora e estou precisando de trilha." Aí a gente marcou um encontro. Duas semanas depois eu mandei uma música e ele curtiu.

foto arquivo: O cineasta Alek Lean, Bettina Calmon e as atrizes Luana Dhignato e Rose Rodrigues no coquetel de lançamento do programa Revista do Cinema Brasileiro que teve uma matéria sobre o filme "Nota Mi" na TV Brasil.
Como foi o processo de criação para o filme "Nota Mi", trabalho esse que concorreu em festivais internacionais, né?
O Alek me contou a história, onde a protagonista gostava muito de piano, era obcecada na verdade. Então tudo a ver a trilha ser basicamente no piano, e eu por acaso eu gosto muito de trabalhar com esse instrumento. Então a gente decidiu que tinha que ser uma música triste, porque a história do filme era assim e fiz uma música nesse estilo. O nome do filme era “Nota Mi”. Então eu até sugeri pro Alek, de fazer um tema onde a nota mi, fosse importante, ressaltasse no tema. Eu compus a música em lá menor, começando com a nota mi, que permeia todo o tema. Acabou que foi um tipo de brincadeira que deu certo. Quando eu assisti o filme já de cara combinou com a cena principal e o começo. Fora a música principal eu compus mais dois temas, que fiz vendo o filme. Um tema mais tenso com um sintetizador, mais uma ambientação do que uma música, pra outro momento. Eu acho até que caberia mais músicas. No próximo filme que a gente fizer, podemos fazer uma trilha mais completa, um filme mais musical.
Você tem trabalhos paralelos ao seu de compositora? Exerce alguma outra atividade profissional. Quais são seus projetos futuros?
Eu terminei um jogo de celular, que lançarão em breve. Ainda não posso dizer o nome. Fora isso eu faço efeitos sonoros para jogos e estou buscando mais o mercado de televisão. Estou começando a compor para mídias diferentes, cinema, série, até porque jogo é um mercado que está muito no começo aqui no Brasil. É um mercado que não tem muito dinheiro e você acaba entrando nesse barco, mas por mais que você goste fica difícil. Eu dou aula de Logic, que é o programa que uso. Fiz pouco tutorial, mas eu gosto porque me incentiva a aprender mais do programa e facilita meu trabalho.
Uma nota musical preferida, tem?
Fica mais fácil falar em tom. Compor num tom específico. Tive uma fase que eu compunha muito em si menor.
Se você não fosse musicista, seria?
Acho que eu seria desenhista.
Um pensamento/frase de impacto?
O que não te mata, te deixa mais forte. Friedrich Nietzsche
Ouça alguns trabalhos da musicista e compositora no site oficial abaixo!
Contrate Bettina Calmon
SITE: www.bettinacalmon.com
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