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CINEMA NEGRO - Terror como ato político: entre o desconforto, a denúncia e conscientização social.

  • Foto do escritor: Experimental Filmes
    Experimental Filmes
  • há 5 dias
  • 3 min de leitura

Atualizado: há 4 dias

CONTÉM SPOLEIR! Um curta e um longa com um terror incômodo que critica e resiste.

Como Matar Uma Boneca (Doll's Torturation) / Corra! (Get Out)
Como Matar Uma Boneca (Doll's Torturation) / Corra! (Get Out)

 Os filmes "Como Matar Uma Boneca", de Alek Lean (curta-metragem), e "Corra!" (Get Out) de Jordan Peele (longa-metragem), embora de estilos, linguagens e contextos distintos, compartilham temas estruturais profundos e politicamente potentes. Abaixo, confira os principais pontos de conexão:


1. Denúncia do racismo estrutural e disfarçado


  • Em "Corra!": o racismo aparece de forma velada — através da falsa cordialidade da família branca, que esconde práticas racistas violentas e simbólicas sob uma aparência "progressista".

  • Em "Como Matar Uma Boneca": o racismo é exposto em signos silenciosos — como a forma como o corpo negro é objetificado (representado pela boneca), e como ele sofre violências muitas vezes dentro do próprio espaço doméstico.


➡️ Ambos os filmes alertam para o racismo que se esconde atrás da aparência de normalidade ou afeto. Em Corra! o carinho da namorada branca ao longo do filme e em Como Matar Uma Boneca vemos ao final na sequência de fotos, como estava feliz a mulher branca ao lado do marido negro e isso mudou após um tempo.


2. Alegorias sobre o corpo negro como objeto


  • "Corra!": o corpo negro é literalmente desejado e roubado — os brancos transplantam suas mentes em corpos negros como se fossem recipientes mais “valiosos”.

  • "Como Matar Uma Boneca": a boneca simboliza o corpo negro visto como descartável, manipulável e sem agência — a própria ideia de "matar" a boneca sugere o fim de uma ilusão, mas também o fim de um corpo que nunca foi considerado sujeito.


➡️ Ambos os filmes usam metáforas para criticar a desumanização e a apropriação do corpo negro.


3. Crítica ao liberalismo hipócrita / extremismo disfarçado


  • "Corra!": a família branca diz “ter votado no Obama uma terceira vez”, mas na verdade quer dominar corpos negros — um comentário direto sobre o racismo dentro de setores progressistas.

  • "Como Matar Uma Boneca": a bandeira do Brasil rasgada e invertida na casa da mulher branca, denuncia o uso hipócrita de símbolos patrióticos por extremistas que oprimem minorias.


➡️ Ambos os filmes expõem ideologias que se dizem protetoras, mas escondem opressão e controle.


4. Uso do terror psicológico como crítica social - Crença e Religião


  • Jordan Peele violência misturando terror e sátira para causar desconforto e reflexão. A família Armitage usa tecnologia para dominar e controlar corpos e mentes negras, formando um culto (reuniões e leilões) baseado na crença de sua superioridade. Eles sustentam um sistema de dominação que se assemelha a uma fé.


  • Alek Lean violência usando símbolo e metáforas, ambientação e silêncio para provocar tensão e questionamento.

    A personagem se esconde através da religião exibido através de símbolos no filme como a bíblia e o crucifixo. Afinal, uma mulher branca e cristã não quer passar a imagem de violência. Em contraponto, a sensitiva Senhora é guiada através do seu cordão de Oxumaré que faz a conexão com um espírito que vem avisá-la para o bem.


➡️ O desconforto serve como ferramenta de denúncia e consciência política.


 5. A era escravagista em forma de símbolos: o algodão e o café


  • No filme Corra!, o algodão no sofá simboliza a herança escravagista dos EUA, onde negros eram forçados a colhê-lo sob violência. Quando Chris é preso e cercado por algodão, a imagem reforça a ideia de controle e opressão histórica. Mas ao usar o próprio algodão para se libertar da hipnose, o filme transforma esse símbolo de exploração em resistência e sobrevivência.

  • No filme Como Matar Uma Boneca, o café simboliza o passado escravagista brasileiro e a exploração dos negros nos cafezais. Os grãos de café espalhados na cama da boneca, marca a recusa da mesma em continuar submissa à opressão, o que precede sua fuga. Representa sua revolta e desejo de liberdade frente a um sistema que ainda persiste.


6. Reconfiguração do horror com protagonismo negro


  • Ambos os filmes colocam personagens negros no centro do terror, mas não como vítimas passivas: são heróis observadores, denunciadores e fazem justiça.



Resumo

Tema

Corra! (Jordan Peele)

Como Matar Uma Boneca (Alek Lean)

Racismo velado

Falsa cordialidade liberal

Família, tradição e símbolos nacionais

Corpo negro objetificado

Transplante de corpos

Boneca como objeto simbólico

Terror como crítica social

Violência com suspense e sátira

Violência com metáforas e silêncio narrativo

Alegoria político-cultural

Branquitude predatória

Colonialismo, religião e símbolo nacional

Protagonismo negro

Chris (sobrevivente e lúcido)

Senhora (observadora e sensitiva)


Curiosidades: O curta "Como Matar Uma Boneca" teve sua estreia mundial no FESTin Lisboa e Festival Guarnicê de Cinema. Foi exibido em mais de vinte países e acumula até o momento dez prêmios, entre eles cinco na categoria Melhor Roteiro, Prêmio Especial da Crítica e Prêmio de Melhor Curta de Conscientização Social.



Redação Tubo de Ensaio

 
 
 

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